Após a frustração causada pela estiagem em 2020, o Rio Grande do Sul se encaminha para obter uma produção histórica em 2021. Puxada pela maior colheita de soja a ser registrada no Estado, a produção gaúcha de grãos de verão deverá totalizar 24,6 milhões de toneladas no atual ciclo, o que representa expansão de 59,2% frente à temporada anterior. A projeção foi divulgada pela Emater nesta quinta-feira (25) e não inclui os dados do arroz, que serão divulgados à tarde pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga)
Carro-chefe da safra de verão, a soja deverá render 20,2 milhões de toneladas em 2021, elevação de 80%. Rodeada de incertezas ao final do ano passado, devido à estiagem na primavera, a principal cultura do Estado se recuperou com a volta da chuva a partir de janeiro. O desempenho ficou acima até mesmo da expectativa inicial do órgão de assistência técnica feita no início do ciclo, em setembro passado, que era de 18,9 milhões de toneladas.
A área destinada à oleaginosa foi recorde, alcançando 6,07 milhões de hectares, elevação de 1,6%. A produtividade por hectare tende a alcançar 3,3 mil quilos, alta de 76,6%, mas ainda aquém do recorde obtido em 2017 (3,38 mil quilos por hectare).
— Neste ano romperemos duas barreiras: a das 6 milhões de hectares plantados e a de 20 milhões de toneladas de produção. Tivemos dificuldade para plantar a soja dentro da janela mais adequada (por causa do tempo seco), isso aumentou a tensão, mas a condição hídrica foi favorável e conseguiremos atingir esse número — comemora Alencar Rugeri, diretor-técnico da Emater.
Milho
Quem enfrentou os efeitos do tempo seco novamente foi o milho. Com a estiagem na primavera afetando principalmente a metade Norte, onde está concentrada a maior parte da produção, o grão deverá render 4,32 milhões toneladas, 4,2% a mais que no ciclo anterior. Ainda assim, a produção ficará aquém da projetada inicialmente, de 5,9 milhões de toneladas. As lavouras, em 2021, totalizaram 796,3 mil hectares, 5,9% de acréscimo.
O feijão também teve o desenvolvimento impactado pelo clima. A primeira safra totalizará 51,5 mil toneladas, segundo a Emater, redução de 4,9%. A área cultivada alcançou 37,5 mil hectares, expansão de 1,23%. Na segunda safra, a expectativa é de colheita de 31,5 mil toneladas, acréscimo de 19,8%. As lavouras devem totalizar 23,5 mil hectares, elevação de 0,82%
O avanço geral da safra de verão de 2021, influenciado pela soja, deverá impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, na avaliação do presidente da Emater, Geraldo Sandri:
— A agropecuária vai puxar a economia do Rio Grande do Sul. Se no ano passado o PIB gaúcho caiu mais do que o nacional, por causa da estiagem, em 2021 será o contrário. O Estado vai crescer mais do que o país.
Em 2020, de acordo com o Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado ao governo do Estado, o PIB gaúcho caiu 7% em relação a 2019. Já a economia brasileira teve retração de 4,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na agropecuária, o Rio Grande do Sul verificou recuo de 29,6%, enquanto no país houve incremento de 2% no ano passado.