Uma mulher que teve graves complicações decorrentes de uma gaze esquecida no interior do seu abdômen, após cesárea do segundo filho, será indenizada em R$ 40 mil por danos morais e estéticos.
O processo tramitou na Vara Única de São José do Cedro, sob regência do juiz Lucas Fornerolli. Foram condenados a arcar com a indenização o médico responsável, a associação hospitalar e o município onde o fato foi registrado.
Parte do intestino da paciente teve que ser retirada devido ao estado em que o órgão se encontrava em virtude da convivência com o objeto estranho. Mesmo com o uso prolongado da medicação receitada, as dores se intensificaram, por longo período, com registro de constipação e vômitos. Três meses após a cesariana, o mesmo profissional fez uma cirurgia para investigar o que ocorria e encontrou algo semelhante a um tumor no intestino grosso. Diante da situação, a autora foi transferida para outra unidade hospitalar, em um município vizinho. Em novo procedimento cirúrgico, realizado por outros médicos, foi constatado que o “tumor” era, na verdade, uma gaze envolta pelo intestino grosso.
Em sua defesa, o médico que efetuou o parto, argumentou que a gaze poderia ter sido deixada na primeira cesárea a que a mulher foi submetida, dois anos e sete meses antes. No entanto, laudo pericial demonstrou que o objeto não foi identificado nos exames de imagem realizados durante o pré-natal da segunda gestação, o que ficaria evidente. O mesmo documento relata que cada organismo reage de maneira diferente a um corpo estranho e é possível a situação chegar a tal agravamento em poucos meses, como aconteceu no caso.
Os réus foram condenados de forma solidária. Dessa forma, o pagamento das indenizações deve ser dividido entre eles. Os danos morais foram arbitrados em R$ 30 mil e os danos estéticos, em R$ 10 mil. Os valores estipulados devem ser acrescidos de correção monetária. Ainda cabe recurso da decisão.
Fonte: Justiça de Santa Catarina