O padrasto e mãe de Luna Gonçalves, de 11 anos, morta há quase dois meses em Timbó, no Vale do Itajaí, foram indiciados pelo assassinato da menina, por estupro e tortura. Com a finalização do inquérito da Polícia Civil, o delegado pediu também a prisão preventiva de ambos, que estão detidos temporariamente desde o início das investigações.
Conforme o delegado André Beckman, o pedido de prisão preventiva foi encaminhado à Justiça nesta sexta-feira, 10. André concluiu que houve um feminicídio, ou seja, uma morte relacionada ao gênero, tortura e estupro de vulnerável. O exame de DNA que pode trazer mais clareza aos fatos ainda não foi enviado pela perícia ao investigador.
Ainda assim, André diz ter conseguido a maioria das respostas para as perguntas que cercam o caso. Ele dará mais detalhes sobre o trabalho de investigação, que durou quase dois meses, na manhã de segunda-feira, 13, quando atenderá a imprensa.
Agora, além da resposta da Justiça quanto ao pedido da preventiva, o Ministério Público também deve se manifestar na próxima semana. É a promotoria que define se a denúncia deve seguir para a Justiça ou se novas diligências são necessárias.
CASO LUNA
Luna foi encontrada morta em Timbó na madrugada de quinta-feira, dia 14 de abril. Ela vivia com a mãe, o padrasto, a irmã de seis anos e o irmão de nove meses, segundo apurou a Polícia Civil. O casal estava se relacionando há cerca de um ano, ainda conforme o delegado.
Apesar de morarem durante meses em uma rua residencial do bairro Imigrantes, nem a mãe e muito menos os filhos eram vistos ou ouvidos pelos vizinhos. Em depoimento, a mulher disse que não saía do imóvel por escolha própria, por sofrer síndrome do pânico. Com isso, também não deixava que as filhas fossem para a rua.
De acordo com a Polícia Militar, o padrasto de 41 anos tem passagens na polícia por crimes como violência doméstica, dano, lesão corporal e estelionato. Ele trabalhava como professor de Jiu-Jitsu em academias da cidade, mas perdeu os empregos com a repercussão do caso.
— Chorou ao contar que do dia para noite não tinha mais nada e que era apontado na rua como culpado. A mãe, por outro lado, não demonstrou em momento algum emoção. Ficou o tempo todo olhando para baixo — conta André.
A mãe de Luna confessou o crime apenas no segundo depoimento à Polícia Civil. Já o padrasto da menina permaneceu em silêncio. Os dois foram detidos para “garantir a continuidade das investigações”, explicou Beckman.
Inicialmente o casal disse que Luna havia caído da escada na noite de quarta-feira (13) por conta de um gato, machucou-se, jantou, tomou banho e foi dormir. Depois da meia-noite, ao verem que a menina não estava bem, acionaram os bombeiros, e a menina foi levada ao Hospital Oase.
Foi a instituição de saúde que acionou a Polícia Militar, pois a menina tinha hematomas por todo o corpo e uma laceração na vagina.
No mesmo dia, o padrasto e a mãe da pequena foram ouvidos pela Polícia Civil e contaram a história da queda da escada. No entanto, contradições na narrativa foram apuradas pelos investigadores, o que fez com que ambos fossem chamados novamente à delegacia no dia seguinte.
Ao saber do mandado de prisão temporária contra o parceiro, a mulher mudou a versão e assumiu a autoria do crime.
O atestado de óbito mostra que a garota sofreu politraumatismo. Ela tinha lesões internas no crânio, baço, pulmão, intestino, laceração na vagina e também estava com o rosto machucado.
A perícia feita na casa da família encontrou marcas de sangue nas proximidades do quarto da criança, no sofá, em uma toalha, fronha e em uma calça masculina.
Fonte: NSC Total