Entidades representativas da área da saúde estiveram presentes na Audiência Pública proposta pelo deputado estadual Rodrigo Lorenzoni onde relataram falta de diálogo com o governo sobre a remuneração dos médicos credenciados no IPE-Saúde. Realizada na manhã desta segunda-feira, 20, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, Lorenzoni presidiu a audiência, organizada pela Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle da Casa. O IPE-Saúde não mandou representante à reunião.
O deputado Rodrigo Lorenzoni lamentou a ausência deliberada da presidência do IPE na Audiência Pública. “Não tiveram a dignidade de estar presente para dialogar com os agentes envolvidos nos atendimentos de saúde. É muita falta de transparência e de arrogância”, criticou. O IPE-Saúde atende mais de 1 milhão de beneficiários. Caso não avancem as negociações nas novas tabelas de remuneração utilizadas pela autarquia, cerca de 40 hospitais suspenderão o atendimento eletivo aos segurados.
A Audiência Pública é resultado de manifestação dos prestadores de serviços habilitados pelo Instituto após demonstrarem preocupação com a nova tabela de remuneração anunciada pelo sistema de saúde. A situação coloca em risco os atendimentos aos credenciados. “Acompanho com muita preocupação a falta de diálogo e de equilíbrio que direção do Instituto vem tratando os prestadores de serviços, grandes responsáveis pela promoção da saúde no Rio Grande do Sul”, disse Lorenzoni.
O atual cenário do IPE não é culpa dos médicos, nem dos funcionários, tampouco dos funcionários públicos, manifestou o presidente do sindicato médico do Rio Grande do Sul, Marcos Rovinski. “É um momento muito complicado para a saúde. O sindicato está debruçado sobre o problema e buscando diálogo, pois sem médicos não há hospital”, desabafou. A categoria está há 11 anos sem qualquer reajuste na tabela dos atendimentos do Instituto. Em média, o médico recebe R$ 16 líquidos por atendimento hospitalar. “Se deixarmos de atender os pacientes do IPE, irão engrossar as filas do Sistema Único de Saúde (SUS)”, argumentou Rovinski.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Carlos Sparta, se disse surpreso negativamente ao saber que haviam progredido as negociações com o governo sobre o reajuste dos serviços médicos sem que tenha havido debate. "Lamento que não tenhamos participado, pois nós médicos temos plenas condições de identificar os gargalos existentes e onde o dinheiro está sendo mal investido. Queremos estar junto ao estado para encontrar as soluções”, disse Sparta.
Já para o representante da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, Ricardo Englert, foram apresentados, desde o dia 26 de maio, subsídios para o governo formular uma contraproposta sobre as tabelas de honorários do IPE. “Estamos esperando uma contraproposta do governo ainda esta semana, pois dia 26 de junho vence o prazo que demos para que se encaminhasse uma proposta, senão seriam descredenciados os serviços”, explicou Englert.