A safra de verão no Rio Grande do Sul deverá chegar a 33,8 milhões de toneladas no próximo ciclo, 2022/2023. Caso se confirme, esse montante representará crescimento de 69,93% ante o período anterior, castigado pela estiagem severa registrada no Estado. A estimativa é da Emater e foi divulgada nesta terça-feira (30), durante a 45ª edição da Expointer, em Esteio.
Em relação à área a ser cultivada com os grãos de verão, as estimativas indicam o total preliminar de 8,2 milhões de hectares, o que significa avanço de 1,60% ante a extensão do ciclo passado.
Principal cultura cultivada no Estado, a soja segue com os maiores números dentro do levantamento. A Emater estima que a área projetada para a safra 2022/2023 seja de 6,5 milhões de hectares — avanço de 2,83% na comparação com o ciclo anterior. Em volume, a safra de soja está estimada em 20,5 milhões de toneladas, o que representa aumento de 124% ante a colheita anterior. Os dados projetam uma produtividade de 3,1 mil quilos por hectare — 112,68% maior do que a média na safra passada.
— Após um ano de dificuldades igual a esse que nós tivemos, esses números são surpreendentes e o serão — pontuou o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri.
Rugeri também destacou os números do milho, que apontam para recuperação — deverá alcançar produção de 6,1 milhões de toneladas, montante 104,54% maior do que o registrado na safra passada. No âmbito de área, o cultivo deve atingir 831 mil hectares, 5,91% acima do período anterior.
— Fico feliz porque é o quarto ano que estou aqui e que esse número está no azul. Sempre com incremento de área. Aquela curva que nós tínhamos de descendência no milho teve uma deflexão e, agora, todos os anos ela aumenta — comemorou Rugeri.
O diretor-técnico destacou que, mesmo com aumentos seguidos na área de cultivo, é necessário avançar em políticas públicas para incentivar a produção nessa cultura, lembrando do Pró-Milho, que envolve diversas entidades do agronegócio no Estado.
Para a safra de arroz, a estimativa é de uma redução de área de 9,90%, passando de 957 mil hectares para 862,4 mil hectares, segundo apuração realizada pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga). Isso vai provocar queda na produção, de 7,7 milhões de toneladas em 2021/2022 para 7 milhões de toneladas em 2022/2023.
Para o feijão primeira safra, a Emater projeta redução de 4,56% da área a ser cultivada, ficando em 30,5 mil hectares. A produção estimada é de 51,9 mil toneladas, o que representa avanço de 23,2% sobre a safra passada.
— Com o avanço da agricultura de baixo carbono, as culturas de verão, como o feijão, têm que estar fortalecidas no sistema de produção do Estado — explicou Rugeri.
O diretor-técnico da Emater destacou que é necessário focar em gestão para chegar nos valores estimados para a próxima safra diante de aumentos de custo na produção.
— Usar o necessário. Quando os custos estão assim, se exige muito mais estratégia no âmbito de onde comprar, qual insumo comprar — observa Rugeri.
Reforçando esse ponto, o presidente da Emater, Alex Corrêa, afirmou que o uso de algumas ferramentas, como os bioinsumos e a análise de solo, estão entre as alternativas que podem entrar nesse processo de otimização.
Em breve pronunciamento no início da coletiva, o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Domingos Lopes Velho, celebrou os números e a parceria da Emater e do Irga na elaboração do levantamento.
— Estamos falando de 40% do PIB gaúcho, e eu tenho a pretensão de dizer que, neste ano, vai passar deste número — afirmou Lopes Velho.
O meteorologista da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Flávio Varone, afirmou que existe tendência de o Rio Grande do Sul ter uma primavera amena, com fenômeno La Niña perdendo força diante da aproximação do verão.
Varone afirmou que os meses de setembro e novembro têm condições de chuva dentro da normalidade para a época, assim como em outubro. Em relação à previsão para o verão, o meteorologista citou a possibilidade de estiagens curtas e regionalizadas.
— Não acredito em grandes estiagens durante o verão novamente. Claro que é sempre bom salientar que o nosso grande problema aqui no Estado é que as estiagens curtas podem gerar problemas localizados — afirma Varone.
Fonte: GZH