A segunda-feira (6) foi de chuva em várias regiões do Rio Grande do Sul, com registro de precipitação acima dos 100mm em municípios do Litoral Norte. Isso ocorreu devido à ação de um ciclone próximo à costa gaúcha, que favoreceu o desenvolvimento de nuvens carregadas no sul do país no início desta semana.
A situação fez a Defesa Civil emitir um alerta para chuvas persistentes com risco de transtornos associados aos elevados volumes até as 20h em pontos da Região Metropolitana, Vale do Sinos, Serra e Litoral Norte. Foram registrados danos em pelo menos três municípios, segundo a Defesa Civil.
Em Terra de Areia, uma mulher foi encontrada morta na manhã desta terça-feira (7). Ela estava desaparecida desde a noite de segunda, quando estaria tentando voltar para casa, de carro, e foi impedida de seguir pela cheia do Rio Depósito. O veículo, onde estava o corpo, foi localizado por volta das 6h, quando a água baixou.
Os municípios do Litoral Norte são os com os maiores acumulados do dia. Itati registrou 130,3mm até as 16h, Três Forquilhas, 127,39mm, até as 15h, e Maquiné 126,8mm até as 16h, segundo a Climatempo. Em Torres choveu 90mm entre 21h de domingo (5) e 17h desta segunda-feira, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet); até as 17h, Porto Alegre registrou 5,8mm, na medição feita no bairro Jardim Botânico, também segundo o Inmet.
Conforme a Climatempo, o ciclone não está mais na costa: há apenas um cavado meteorológico (uma região de baixa pressão atmosférica), que causa chuva no nordeste do Estado. As instabilidades deve atingir o Estado na terça-feira, mas de forma isolada (veja abaixo a previsão para o dia). É esperado que precipitações atinjam o litoral sul gaúcho entre a quarta (8) e a quinta-feira (9), dias em que pode chover forte, mas sem potencial para grandes temporais.
Segundo a Defesa Civil, Três Forquilhas, Itati e Morrinhos do Sul, todos municípios do Litoral Norte, foram afetados pela cheia do Rio Três Forquilhas. Em Itati, 15 famílias estão desabrigadas e avaliam danos causados pela água; foi também registrado um deslizamento de encosta que atingiu uma residência, mas ninguém ficou ferido. Nos outros dois municípios ainda são feitas avaliações dos estragos causados pela chuva.
Em Três Forquilhas ao menos 20 pessoas foram removidas para casas de familiares. Os resgates foram efetuados pelo Corpo de Bombeiros e por vizinhos e conhecidos dos moradores, a maioria na comunidade de Boa União. Dois moradores chegaram a ficar ilhados durante a manhã, mas foram resgatados pelos bombeiros.
Agricultores apontam perdas nas lavouras, que ainda são apuradas pela prefeitura. As aulas no município também estão canceladas pelo menos até a terça-feira porque a população não tem como acessar as escolas, quatro delas municipais e uma estadual. A prefeita Loraci Klippel informou que vai decretar situação de emergência.
Ponte que divide os municípios de Três Forquilhas e Itati também foi atingida pela água. A prefeitura, no entanto, ainda não confirma se a ponte foi arrancada pela água pois o local está inacessível.
Devido à chuva desta segunda, outras duas cidades do Litoral Norte tiveram de suspender aulas. Oito escolas de Caraá não tiveram atividades durante o dia em função da cheia do Rio dos Sinos, consequência da chuva que atingiu a cidade. O cancelamento das aulas ocorreu em razão das condições das estradas que dão acesso às escolas.
A previsão é que as aulas sejam retomadas na terça-feira. Segundo a prefeitura, a medida foi necessária porque as estradas rurais de acesso às escolas ficaram alagadas. Porém, ainda conforme o Executivo, o nível do rio já voltou a baixar, e as aulas serão retomadas nesta terça-feira (7).
Outro município que suspendeu aulas foi Dom Pedro de Alcântara. A chuva fez arroios transbordarem, e as estradas de terra foram atingidas. As três escolas da cidade ficarão sem aulas pelo menos até terça, conforme o prefeito Alexandre Evaldt. Duas das instituições de ensino são estaduais, e uma é municipal. Evaldt afirmou que também vai decretar situação de emergência no município.
— Nosso município é totalmente agrícola. Então, está bem difícil. A chuva lavou as estradas, deixou muitos buracos, e a água entrou em casas, principalmente nas regiões mais baixas. Aproximadamente 75% das estradas estão comprometidas — explica o prefeito de Dom Pedro de Alcântara, cidade de cerca de 2,5 mil habitantes.
Já em Montenegro, no Vale do Caí, ruas ficaram alagadas e residências foram invadidas pela água. Quatro casas ficaram destelhadas, mas nenhuma família precisou ser removida. A Defesa Civil distribuiu lonas durante o dia.
FONTE: GZH